Novas soluções vêm provocando grandes transformações no segmento de transporte de cargas como, por exemplo, o impulso de estratégias de entregas no last mile

De que forma processos tecnológicos inovadores como o blockchain, o metaverso e as novas operações de last mile vêm transformando os setores de logística e transporte? "Quando olhamos o mercado global de cargas, já vemos iniciativas de aplicações de blockchain, por exemplo, mas isso é uma jornada, muitos ainda estão em fase de laboratório e testes, mas já temos casos práticos. O futuro é hoje", destaca Djalma Vilela, presidente da Multilog e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL).

De acordo com o executivo do Blockchain Research Institute (BRI) no Brasil, Carl Amorim, blockchain envolve dados permanentes, é a possibilidade de fazer transações de ativos sem intermediários. "Traz eficiência, garante contratos inteligentes com aplicativos que gerenciam esse fluxo de informações, com inteligência artificial capaz de tornar a cadeia de distribuição eficiente no nível Netflix. Permite monitoramento da carga, menor tempo de espera do produto nos armazéns e diminui o tempo de trânsito da documentação. Ele permite que você crie uma mudança cultural na forma como se relaciona com o frete", explica.

Segundo Vilela, o metaverso também já começa a se aproximar da rotina das operações logísticas. "O cliente consegue fazer controle de temperatura dos armazéns por realidade mista, com óculos e outros dispositivos de acesso. Dentro da Realidade Virtual (RV), também temos associadas que vêm usando simuladores mais realistas para treinamento de motoristas, com riscos de estradas, obstáculos, acidentes e estradas sinuosas", salienta o presidente da Multilog. 

Last mile

Djalma Vilela ressalta que esses avanços já começaram a integrar o universo das operações logísticas. A execução da chamada last mile (última milha) por drones foi uma das soluções inovadoras apontadas por ele. Nos Estados Unidos e em clínicas rurais da África, mencionou o executivo, doses de vacinas contra o Covid chegaram a ser transportadas via drone de forma muito assertiva por um dos operadores logísticos do grupo. "Nos grandes centros, até 10 quilômetros, muitas encomendas já estão sendo entregues por drones. Outras aplicações dos equipamentos acontecem em armazéns para que seja feito o inventário de posições pallets. Também temos casos práticos de utilização de drones para o gerenciamento de posições de caminhões em áreas descobertas".

Ricardo Tavares, diretor de Contratos Logísticos da Asia Shipping, destaca que o last mile vem ganhando força nos últimos anos pela eficiência que a cadeia logística como um todo conquistou, reformulando procedimentos internos para garantir a entrega dentro do prazo, uma vez que, haviam atrasos constantes no transporte.

“O mundo digital vem crescendo em uma velocidade assustadora e isso é muito bom. Hoje já escutamos falar em logística no metaverso. Quando trazemos a tecnologia para o last mile, falamos em melhorias sistêmicas que impulsionaram o crescimento do modal. O período de pandemia acelerou isso, possibilitando uma melhora no controle das etapas como compras online, ordem de serviço eletrônica, rastreamento dos processos entre outros”, aponta o executivo.

Impulso

De acordo com Lilio Neto, evangelizador de Inovação da DHL Supply Chain para a pauta de Intralogística, o crescimento do e-commerce vem impulsionando a aplicação de novas tecnologias. Cresceu muito a demanda por áreas de armazenagem de forma geral, tanto para grandes pontos de consolidação, como também para entrepostos menores em regiões avançadas do país e em grandes centros urbanos. Além de migração de vendas do varejo físico para o online, a ideia é estar mais próximo dos pontos de entrega, a fim de tornar a última milha super ágil. Trabalhar com volumes menores, mas com maior frequência é outro reflexo importante e no qual a tecnologia é fundamental para mantermos o controle.