04 a 08 Novembro | 2024

O brilho de Cristais: mulheres falam sobre desafios ao lado dos maridos caminhoneiros

SEST SENAT intensifica apoio a esposas desses profissionais com serviços de saúde e de qualificação profissional

Conteúdo publicado originalmente no site CNT, por Renata Ramalho

 

 Foto: Carla Augusta de Souza Reis


“Mulher de caminhoneiro é conhecida como Cristal. Muitas recebem um QRA, que, na linguagem das estradas, significa apelido; e o meu é Delegada. Em minha defesa, garanto que isso é intriga da posição, porque não sou brava como dizem. Tenho é espírito de liderança e sei me articular. Já percorri milhares de quilômetros em mais de mil viagens com meu marido caminhoneiro. Sou ‘resolvedora de pepinos’, é o que ele diz. Isso significa que, mais do que fazer comida, eu organizo nossa vida financeira e familiar. Em resumo, ‘viver’ na estrada é assim: um misto de emoções, com momentos difíceis, mas muita coisa boa também. Estou na estrada por paixão. Caminhão é minha vida.”
O relato acima é de Carla Augusta de Souza Reis, 42 anos. A história dela simboliza a vida de milhares de Cristais, que, assim como essa mineira de Uberlândia, auxiliam seus maridos na desafiadora profissão de caminhoneiro.

 

Esposas auxiliam na gestão do trabalho dos caminhoneiros

Engana-se quem pensa que elas se restringem às tarefas do lar, que já são uma responsabilidade e tanto. Na estrada ou em casa, as Cristais dão assessoria aos seus maridos: fazem orçamentos, como cotação de frete; realizam pagamentos de oficina e do financiamento; ficam de olho nas datas das manutenções do veículo; ajudam na prestação de contas das viagens. Ou seja, elas desempenham um papel essencial na gestão do negócio.

“O problema é que muitas pessoas olham para a gente com preconceito. Por isso, nós, Cristais, estamos nos mobilizando pela valorização não somente do trabalho dos caminhoneiros mas também do nosso”, conta Carla, que é mãe de dois filhos (de 12 e de 18 anos de idade).

Ela, que participou do 1º Encontro Nacional das Cristais, promovido como projeto-piloto pelo SEST SENAT Uberlândia, em dezembro de 2019, viu na instituição um local de apoio e abertura de horizontes. “Confesso que já cometi falhas na organização financeira por falta de conhecimento. Então, precisamos desse suporte para ontem. O que eu não sabia é que os atendimentos do SEST SENAT são totalmente de graça.”

Na lista dos serviços oferecidos, estão cursos presenciais e a distância e os atendimentos nas áreas de saúde, esporte e lazer. “O SEST SENAT tem um compromisso com o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores do transporte e suas famílias. No caso específico das Cristais, já temos capacitações que as qualificariam com conhecimento técnico para que possam agregar ainda mais em suas atividades. Mas podemos, também, customizar conteúdos especificamente para elas, de acordo com a realidade em que vivem”, destaca a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart.  

 

À flor da pele: Cristais dão apoio emocional nas estradas 

Além de toda a gestão financeira e organização de agendas e documentos, as Cristais também se sentem responsáveis pela parte emocional da família, incluindo a de si mesmas. “A pressão psicológica é muito grande por conta dos desafios típicos da profissão, como a insegurança nas estradas”, conta. Carla se refere, por exemplo, aos roubos de cargas, às condições precárias da malha rodoviária e ao alto número de acidentes. “Sem falar na pressão para entregar a carga dentro do prazo combinado”, completa.   

Por esses motivos, a depressão também faz parte da realidade de muitas delas, especialmente as que raramente viajam com o marido, por conta dos filhos pequenos. É o que conta Maria Aparecida de Araújo, 55 anos, conhecida como Vovó Cida. “Tem mulher que só consegue ver o marido a cada 15 dias. Acontece de eles ficarem meses sem pisar dentro de casa. Então, tem pressão dentro de casa também”, afirma.

 

Esta é uma curadoria de conteúdo da RX Brasil sobre: ​​O brilho de Cristais: mulheres falam sobre desafios ao lado dos maridos caminhoneiros. Para continuar lendo, acesse o site da Confederação Nacional do Transporte - CNT.