O crescimento do e-commerce e os impactos na intralogística
Em expansão, o comércio digital vem exigindo uma adaptação das operações e a busca por novas soluções para atender a demanda, principalmente nos grandes centros urbanos
Segundo dados da Neotrust, empresa de inteligência que monitora o comércio digital no país, o e-commerce brasileiro cresceu 12,6% no 1º trimestre de 2022, o que representou um faturamento de R$ 39,6 bilhões. O número de pedidos também registrou um aumento, totalizando 89,7 milhões de compras online, uma elevação de 14% em comparação aos três primeiros meses do ano passado. De que forma esse mercado em expansão vem impactando as operações de intralogística?
Para Leonardo Schuskel, gerente Comercial e de Marketing da ULMA no Brasil, o crescimento do e-commerce vem promovendo, principalmente, a pulverização de micros CD’s para maior proximidade com o cliente final, a famosa “last mile” “Temos vistos cada vez mais clientes pulverizando a sua operação para estarem mais próximo de seus clientes e conseguir um tempo de entrega que seja um diferencial frente aos competidores”, comenta.
Rafael Kessler, diretor comercial da Combilift no Brasil, ressalta que a transformação do B2B para B2C apenas acelerou as tendências: “O setor agora busca a eficiência da última milha, sai na frente quem adotar soluções que funcionem em depósitos de menor porte com mais autonomia e é essencial a adoção de estruturas e equipamentos robustos, flexíveis, eficientes e fáceis de operar”.
O comércio eletrônico teve um aumento exponencial com a pandemia nos últimos dois anos e hoje já é uma realidade para qualquer negócio que queira ser competitivo no mercado brasileiro, reforça Emerson Lourenço, gerente de vendas Soluções da viastore Systems. Esse fato traz grandes desafios para as operações intralogísticas, uma vez que os pedidos são cada vez mais fracionados e menores, além de mais frequentes. Operações com alta flexibilidade, rapidez e confiabilidade são essenciais para atender esse novo momento”, explica.
Micromobilidade
Um dos desafios impostos pelo crescimento do e-commerce é a necessidade de estratégias de micromobilidade. “Quando falamos em alcançar o grande público das regiões urbanas e a restrição cada vez maior de veículos de transporte grandes nessas regiões, finalizar a entrega estando em um raio de 30, 40 Km dos destinos finais ainda é um desafio, principalmente se tratando de grandes centros, como a capital Paulista. Não há um CD próximo o suficiente, e o transporte para ser eficiente e rentável precisaria estar o mais concentrado possível, e essa é a dificuldade atual de se chegar nos grandes centros urbanos”, frisa Leonardo Schuskel.
Para Rafael Kessler, o setor ainda busca um modelo de operação de CD urbano, ou darkstores que possam ser facilmente replicados – além de operações compartilhadas entre mais de um operador. “Envolve muitas interações entre usuários, operadores logísticos, fornecedores de equipamentos e o mercado imobiliário. A arquitetura das operações ainda está longe da consolidação”, opina.
Para Emerson Lourenço, a micromobilidade ainda está no começo no Brasil e precisa evoluir em termos de regulamentação e incentivos. “Acreditamos que essa evolução deva ser mais evidente nos próximos anos e, no que diz respeito ao impacto à intralogistica, projetamos um aumento na utilização de comércio elétrico para entregas à domicílio, uma vez que as pessoas deixarão de utilizar veículos maiores para as compras”, prevê.
Tendências
Além do e-commerce, quais são os outros segmentos da economia que vêm impactando o setor de intralogística? “A cadeia de frio como um todo, tanto a indústria quanto a distribuição, possuem grande potencial com a verticalização, principalmente por possuir uma maior densidade ocupacional, sistemas automatizados para armazéns congelados refletem uma economia bastante importante no custo de geração do frio e também da operação dentro do armazém”, salienta Leonardo Schuskel.
Operadores para trabalhar em congelado, explica o gerente Comercial e de Marketing da ULMA, possuem restrição no tempo dentro das câmaras, enquanto um transelevador não. Então, a disponibilidade do equipamento, a verticalização e maior densidade ocupacional, têm sido fatores importantes para o segmento de congelados e resfriados.
Rafael Kessler destaca que existem muitos segmentos em alta – em especial os relacionados com agro, farma e alimentos. “Em comum a estes e outros são empresas em grandes centros urbanos que passam a valorizar ainda mais o espaço ocupado – tanto pelo custo de construção como pela disponibilidade de áreas”, aponta.
Para Emerson Lourenço, todos os setores do mercado estão demandando automação e projetos para o futuro, mas a indústria e a distribuição têm apresentado um crescimento ainda maior. “Um ponto em comum que nossos clientes têm nos informado está relacionado à dificuldade de encontrar mão de obra, qualificada ou não, para continuidade da operação. E, dessa forma, a automatização das operações não é mais uma opção e sim uma necessidade para esse momento atual”, conclui.
Conteúdo criado para o blog ROTA DIGITAL NEWS da FENATRAN, por Valéria Bursztein.